Stanislaw Ponte Preta uma vez contou
sobre o beque de um obscuro time da terceira divisão do futebol cearense que
era recebido com fanfarra, discurso e foguetório em todo lugar que o time
jogava pelo simples fato de ser parente do então marechal-presidente Castelo
Branco. Da mesma forma que os corruptos, os puxa-sacos sempre estiveram
presentes em qualquer canto deste país onde exista alguém com algum arremedo de
poder, sempre prontos a encher o ego de qualquer autoridade de plantão. A
história que vou contar parece uma repetição daquela contada por Stanislaw
quase cinqüenta anos atrás. Mas é bem atual. O que prova que os puxa-sacos
estão aí, resistindo bravamente a qualquer tentativa de erradicação, erva
daninha imune a enxada, enxadão, fogo e pesticida.
Tudo se passa numa destas cidades do
interior, com igreja matriz, praça e coreto. Tem também um rio onde as pessoas
pescam com vara de bambu e minhoca. Não destas minhocas compradas em lojas, mas
daquelas arrancadas na beira do rio com enxadão. Como toda cidade do interior
que se preze, também tem um Bar do Ponto, um Hotel Palace e um Clube Atlético.
Pois é no Clube Atlético que nossa história acontece.
O pessoal da prefeitura tem um time de futebol
de salão que se encontra toda quinta feira no Clube Atlético para beber
cerveja, comer linguiça de Bragança e, principalmente, estourar os meniscos em
disputadíssimas partidas na quadra mais ou menos coberta que tem por lá. A
turma leva o esporte a sério e não dá refresco para ninguém. É cada dividida
que só falta arrancar pedaços do piso já bastante maltratado da quadra.
A cidade também tem um prefeito. Prefeito
este que é metido a esportista e também joga no time da prefeitura. Já jogava muito
antes de ser eleito e, por isto, ninguém dá a mínima para a dignidade do cargo.
E tome pontapé, topada e palavrão, que todo mundo se conheceu de calças curtas
e ele que vá ser prefeito lá na prefeitura. Mas, de vez em quando aparece o
inevitável puxa-saco, como na ocasião em que o time da prefeitura participou do
campeonato local. Estava lá, na escalação do time publicada no jornalzinho da
cidade: “...Tião das Obras Públicas, Zoinho da Garagem, Totonho da Coletoria,
Biu da Funerária e Sua Excelência o Digníssimo Senhor Prefeito Municipal...”
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