Em certo país ordeiro e pacífico, a presidenta
se viu às voltas com uma questão muito importante que não conseguia resolver.
Então convocou todo o ministério para ajudá-la a decidir o que fazer. Todos os
seis ministros chegaram logo cedo, em seus próprios carros particulares, alguns
de táxi, outros de bonde (Acredite ou não, minha senhora, o transporte público
neste país é confortável, seguro, pontual e barato,
até mesmo para quem não tem salário muito elevado, como os ministros de estado
de lá.), e se reuniram numa pequena sala do palácio. Exposto o problema,
confabularam por alguns momentos, então o mais experiente dos ministros
respondeu à presidenta:
-Excelência,
esta é uma questão fundamental para o destino do nosso povo. Não podemos
decidir sozinhos. Precisamos fazer um plebiscito. Temos que formular a questão
de forma clara e objetiva para que não haja dúvidas sobre a importância da
decisão.
E resolveram que assim seria. Como a manhã mal tinha começado, tomaram um chá com torradas e foi cada um para seu gabinete, que havia muito trabalho a fazer e a sexta-feira mal tinha começado.
E resolveram que assim seria. Como a manhã mal tinha começado, tomaram um chá com torradas e foi cada um para seu gabinete, que havia muito trabalho a fazer e a sexta-feira mal tinha começado.
Na
mesma época, em outro país ensolarado situado na porção ocidental do Atlântico
Sul, a presidenta foi a um evento esportivo e ouviu uma vaia do povo. Não deu
muita importância na ocasião, mas ficou meio cismada que a coisa podeira ser
com ela. Pelo sim, pelo não, resolveu fazer um plebiscito para distrair o povo.
Convocou todo o ministério e, no dia seguinte, chegaram todos os trinta e nove
ministros, cada um na limusine mais luxuosa que o dinheiro público poderia
comprar. Reuniram-se no salão mais suntuoso do palácio, onde foi servido o mais
lauto café da manhã que o dinheiro público poderia comprar e, quando a
presidenta expôs sua ideia, foi entusiasticamente aplaudida por todos.
Imediatamente marcaram a data do plebiscito, quando entraria em vigor, separam
quinhentos milhões do orçamento e já iam encerrando a reunião quando um destes
ministros que ninguém sabe direito quem é, que está ali apenas para preencher a
cota de algum partido nanico da base parlamentar, levantou a mão lá do fundo do salão:
-Uma
questão de ordem, Senhora Presidenta: o que vamos perguntar para o povo neste
plebiscito?
-Tem
que ter uma pergunta?
Ninguém sabia direito. Arrumaram um computador, consultaram o Google e... Sim, tinha que ter uma pergunta. Prosseguiram então com a reunião. No fim, o ministro mais experiente do grupo anunciou a decisão à presidenta:
Ninguém sabia direito. Arrumaram um computador, consultaram o Google e... Sim, tinha que ter uma pergunta. Prosseguiram então com a reunião. No fim, o ministro mais experiente do grupo anunciou a decisão à presidenta:
-Senhora
Presidenta, decidimos deixar a pergunta por conta do terceiro ou quarto
escalão. Aqui ninguém está muito preocupado com a resposta, então a pergunta é
irrelevante.
Resolvida
esta questão, já estavam todos se preparando para partir para o fim de semana
(apesar de ser ainda uma manhã de terça-feira), quando aquele mesmo chato do partido nanico levantou de novo a mão:
-Outra
questão de ordem, Senhora Presidente: vai ser plebiscito ou referendo?
-Bem...
- e, muito a contragosto, voltaram à reunião.
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