domingo, 7 de julho de 2013

Do Financiamento das Campanhas

O povo daquele belo país deitado eternamente em berço esplêndido nas margens ocidentais do Atlântico Sul não gostou de saber que o presidente do Senado, acompanhado do presidente da Câmara, respectivas famílias e puxa-sacos, usou um avião da força aérea para uma passeio particular de fim de semana. A farra com o dinheiro público pegou mal e o presidente do senado defendeu-se:
“-Pô, sou chefe de poder e sempre fiz isso.”
Ah, bom! Assim é diferente. Está tudo explicado.
Mas, só comentei isto de passagem, pois o assunto mesmo continua a ser o plebiscito, que este vai dar muito pano para a manga. Acontece que a presidenta saiu encantada daquela reunião com o povo:
“-Eu percebi que o povo consegue pensar. O povo é muito inteligente. Não precisamos ter medo. Se a gente explicar bem, o povo vai entender as perguntas do plebiscito e marcar as respostas que queremos.”
Eu não tenho esta fé na sabedoria daquele povo. Afinal, foi o mesmo povo que, em sua sabedoria – ou ausência dela – elegeu e reelegeu o tal presidente do Senado, mesmo sendo tal cavalheiro incidente e reincidente no mau uso do mandato, povo este que continua a honrar com seu voto algumas das mais notórias almas porcas daquele país. Mas, não precisa se preocupar, minha senhora. Estou falando de outro país. Cá, em terras tupiniquins, estas coisas não acontecem.
O fato é que o terceiro ou quarto escalão trabalhou duro e, para surpresa de alguns, em poucos dias conseguiu apresentar várias sugestões de assuntos a serem abordados no plebiscito. Um dos assuntos, de interesse óbvio para os políticos do país, diz respeito à forma como o povo quer financiar as campanhas eleitorais: financiamento público, privado ou misto. Está boiando, minha senhora? Não se aflija que eu explico, após fazer uma pesquisa no Google (que é para não passar vergonha) e descobrir que a coisa funciona mais ou menos como o pagamento de compras no comércio, quando temos que responder à indefectível pergunta: cheque, dinheiro ou cartão?

No financiamento público o povo paga, mas quem cobra é o governo, que repassa o dinheiro para os candidatos; no financiamento privado o povo continua pagando, mas quem cobra é o próprio candidato; no financiamento misto é um pega-prá-capar, pois ainda é o povo que paga, mas vai ser cobrado pelos dois lados, governo e candidato. Não estou entendendo, minha senhora. Quer saber se o candidato não poderia financiar sua própria campanha? Não, minha senhora. Não vai ter esta alternativa no plebiscito.

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